sábado, 8 de julho de 2017

Dubladores da Boca: Helena Samara

HELENA SAMARA

A atriz e dubladora Helena Samara (1933-2007) trabalhou em alguns longas-metragens na Boca como em Como Consolar Viúvas de José Mojica Marins. Nesse trabalho, ela fazia a tia das três belas viúvas. Sua carreira foi mais dedicada a dublagem. Ela que dublou personagens famosas como a Bruxa do 71 do seriado "Chaves" e Endora no seriado "Feiticeira". Segue aqui a transcrição de uma matéria que a revista Cinema Em Close-Up realizou sobre ela.



Apesar de ter 22 anos de carreira artística, só agora Helena Samara faz sua estreia no cinema, no papel de Tia Dadá no filme O Consolador de Viúvas, de J. Avelar. Ela é tia das três jovens viúvas.

Esta artista tem sua vida profissional praticamente dedicada ao rádio e á dublagem de filmes estrangeiros.

Quando começava a carreira, em 1954, foi contratada pelas Emissoras Associadas, fazendo locução e radionovela na Tupi-Difusora, em programa de Lenita Campos. Atuava ao lado de sua irmã Elvira Samara.

Ficou no rádio- só no rádio – por um período de 10 anos. Depois disso, passou a representar na televisão, como integrante nas organizações “Victor Costa”, hoje a TV Globo.

Na televisão fazia telenovelas (“A Herdeira de Feriach”, direção de Líbero Miguel) e teledrama (“Os Três Leões”).

Experiência principal no teatro: “Lisístrata”, junto com Ruth Escobar, em 1967.

Apesar de ter-se mostrado fisicamente poucas vezes, Helena Samara é uma atriz satisfeita com a carreira.

- Por que não continuou com a televisão e com o teatro?

- Fui convidada várias vezes, mas me faltava tempo. E como prefiro fazer as coisas certas, nem que tenha que me concentrar em uma só, achei que devia me primar primeiramente como radioatriz, para depois diversificar...hoje já posso fazer isso. Tanto que – como você vê – estou “atacando” de cinema.

Como a radionovela é um mercado que está escasseando, Helena tem hoje como ocupação principal a dublagem de filmes estrangeiros para a televisão. Só que para o leitor a identifique, atualmente ela dubla Endora, mãe de Samantha, na série “A Feiticeira”. Mas ainda faz suas incursões no rádio, com participações na Rádio Mulher (SP).

- Agora que estreou no cinema, o que acha disso?

- Fascinante! Sabe eu nunca tinha nem visto uma equipe de cinema trabalhando. Para mim, tudo foi novidade...uma agradável novidade! Estou satisfeitíssima!

- Não estranhou a técnica, não?

- Não. De jeito nenhum. Conheço muito bem a televisão. Apesar de serem duas coisas completamente diferentes, o processo técnico é meio parente. Daí, usei meu traquejo de TV, e acho que não criei nenhum problema maior para o diretor.

- O que é melhor: cinema ou televisão?

- A televisão: todo mundo sabe- promove mais, paga melhor, etc. Mas o trabalho é intenso e complicado. Lá você não tem tempo nem para respirar. É uma máquina, entende? O cinema já é mais tranquilo, mais calmo...então acho que prefiro o cinema.

- Acho que agora vai se mostrar mais fisicamente e deixar um pouco a dublagem?

- Gosto do cinema, mas minha maior vivência foi diante dos microfones. Estou disposta a me mostrar mais nas telas ou nos vídeos, mas a dublagem eu acho que não deixo nunca viu! Está no sangue...

- O artista no Brasil vive bem, vive mais ou menos, ou vive mal?

- Razoável. A carreira artística é muito instável. Acredito mesmo é nas marés. Há um período em que você está assoberbado de trabalho até o pescoço. Depois cai, e você fica sem fazer nada. Mas se o artista souber balançar bem as coisas, leva uma vida razoável. Boa mesmo, acho que não...há as exceções é claro!

- E como vai o mercado de dublagem?

- São Paulo está sofrendo mais que o Rio. Lá já “existe” a profissão. Aqui estamos lutando por isso, e parece que as coisas irão se igualar com nossos colegas cariocas. Aliás, já estamos conseguindo valer algumas das nossas muitas reivindicações, e isso é muito bom...

Está é Helena Samara, atriz veterana dos microfones, atriz principalmente nas telas, mas trazendo atrás de si uma sólida e invejável bagagem.



Publicado originalmente na revista Cinema em Close-Up, ano 2, edição número 9

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